Que o festival de Rio das Ostras já é um marco do nosso calendário musical ninguém tem dúvida, o maior festival do pais sempre traz atrações interessantes e a edição deste ano teve novidades e algumas brilhantes apresentações. Estima-se que nesta nona edição cerca de 20.000 pessoas circularam pela cidade durante cada dia do festival. Todos atras de boa música e eu também estava lá !
A noite de abertura do festival, numa noite de céu estranho ameaçando uma garoa que contrariava os informes meteorológicos , marcou pela presença do guitarrista Igor Prado. Sem dúvida um excelente guitarrista acompanhado por Rodrigo Mantovani no baixo, o nome do instrumento na linha blues hoje no país, Yuri Prado bateria e Flavio Naves no Hammond que realmente deu a atmosfera certa para a apresentação. Um show contagiante recheado de muito blues e que ainda teve a participação mais que especial do guitarrista Bryan Lee, que incendiou o publico presente. Um encontro histórico de dois gigantes do instrumento, a mão esquerda de Igor abraçada em sua Les Paul e a mão direita de Bryan, sentado, com sua inseparável SG. Apresentação única de Igor Prado no festival, uma pena, fechando a noite de abertura.
Nuno Mindelis empolgou o publico em suas apresentações na Lagoa de Iriry e em Costazul. Em ambas apresentações um repertório em formato bem blues-rock onde Nuno, com sua strato nos braços, apresentou seu novo trabalho mas deixando a eletrônica de lado, que foi o principal elemento de seu último disco. Na tarde de quinta-feira, tempo bom e um público animado com a apresentação e Flavio Naves novamente no palco nos teclados em Iriry e no Hammond em Costazul. E como rege a tradição do blues, foi tocar com o público. Alguns problemas no áudio no palco de Iriry mas nada que ofuscasse a agitação do público e em Costazul teve uma corda arrebentada na sua primeira música e a guitarra de Big Joe Manfra segurou a onda até o retorno da sua strato. Na noite de Costazul, Flavio Naves estava inspiradíssimo encenando performance a la Joey de Francesco subindo no Hammond e puxando o público levando-o ao delírio. Espaço para dois bis e encerrou com Hendrix.
Bryan Lee incendiou a noite de quinta-feira. Quem o vê fora do palco não acredita no que este senhor, cego, aos 67 anos é capaz de fazer em cena, se transforma assim como ao público que o assiste.
Manteve-se sentado durante as quase duas horas de apresentação na madrugada de sexta-feira acompanhado pelo sensacional-virtuoso-endiabrado guitarrista Brent Johnson, o incendiário baterista John Perkins e o baixista Slim Louis que segurava, literalmente, a onda para esses gigantes. Bryan Lee em seu traje tradicional com sua cartola e roupa pretos, quase como um mágico e se não o é conseguiu trazer a magia do blues-rock na apresentação. O guitarrista Brent Johnson realmente roubou o show, chamou a atenção pela energia que colocava nos longos solos e pela interação imediata que teve com o plateia.
O guitarrista Tommy Castro não deixou por menos em suas apresentações na Lagoa de Iriry e em Costazul. Parecia extasiado com o publico na arena de Iriry e fez uma apresentação arrasadora convidando ao palco o guitarrista Big Joe Manfra e a trompetista Saskia Laroo. Colocou o publico para dançar com sua apresentação bem recheada de soul-funk suportada pelos metais de Keith Crossan (tenor) e Tom Poole (trompete) e ainda pelo visual inusitado do baixista Scot Sutherland que toca fazendo coreografias. Show contagiante e mostrou porque é um dos grandes nomes do cenário blues hoje.
Em show único na Praça São Pedro, o Blues Groove formado pelo baterista Beto Werther, o baixo de Ugo Perrota e a guitarra de Otavio Rocha veio liderado pelo guitarrista Cristiano Crochemore que estava em uma manhã inspiradíssima. Mostrou muita personalidade e pegada blues abraçado com sua strato com um ar vintage , trazendo além de clássicos do blues de Johnny Winter, Albert King e Robert Johnson temas de sua autoria que será lançado em CD brevemente. Colocou pressão na manhã ensolarada de sexta-feira e teve como convidado mais que especial o guitarrista Brent Johnson, que empolgou na noite anterior, promovendo no palco um verdadeiro duelo de gigantes.
Rodrigo Nézio e Duocondé também fizeram uma boa apresentação. O power trio de Barbacena (MG) veio com energia mesmo tendo encarado a madrugada na estrada e chegado na cidade na manhã do show. Seu baixista lembra muito Pino Palladino, um pouquinho mais gordo, e o som da banda contagiou o bom público presente com repertório autoral e espaço para alguns clássicos do blues-rock.
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